Exposição “THINGS GET DAMAGED, THINGS GET BROKEN”
Pintura de Paulo Guerreiro
4 de julho a 5 de agosto de 2011 Horário: Dias úteis das 8h30 às 17h30
"Um dos temas principais da minha pintura é a entropia – na sua forma genérica e sem conotações morais. Não se trata de entropia boa, nem má. Apenas uma reflexão sobre o caos ou estados mais caóticos: a sua estética e que mensagens podem-se enfiar nesse envelope. Em resumo, apesar de ser um cliché, a já muito batida abordagem da beleza do feio, da espectacularidade do vulgar. Sempre me fascinei por arte, nas suas diversas formas e épocas, pela capacidade que tem de tornar a nossa vida preenchida e de algum modo muito mais interessante. Como autodidata que sou, sofro da óbvia insegurança de não ter estudado sistematicamente a arte e principalmente a pintura: mas resistir ao impulso e à necessidade real, quase carnal, de pintar seria mentir. Por isso não desisti e fui evoluindo - sempre com a noção que é-me impossível sobreviver da pintura, mas que dificilmente posso viver sem ela. A série “Things get damaged, things get broken” aborda objectos de uso quotidiano, que remetem para o seu uso diário, banal, e que eventualmente pouco consideramos de uma forma consciente, mas que estão ligados não só a fases importantes como a temas que todos nós de algum modo presenciamos. A entropia patente nesses objectos é uma janela com vista para a fragilidade. O processo de pintura envolveu objectos pessoais meus, mas também alguns comprados de propósito para serem devidamente vandalizados. Extraí da imagem qualquer outro item que não fosse o objecto de modo a reter a atenção, focar. Tentei atingir um grau de realismo que permitisse oferecer o objecto e a sua ruína, mas sem os excessos do hiper-realismo. É difícil representar algo imerso em algum grau de entropia sem deixar passar a nossa tendência racional de tentar organizar tudo: quando desenhamos algo supostamente caótico é fácil cair na tentação de criar um tipo de ordem, falseado pela nossa razão. A segunda lei da termodinâmica originou e explica o conceito de entropia, uma guilhotina para tudo e para todos: num sistema fechado, tudo caminha da ordem máxima para a desordem máxima. Mas no entanto pode haver algo de positivo e todo o seu vice-versa, numa imagem entropica: um prato cheio com um amontoado caótico de espinhas pode representar uma refeição bem passada na companhia de amigos. Não me considero hiper-realista, até porque não tenho esse nível técnico e não recuso a possibilidade de eventuais incursões em abstraccionismo ou outras tendências menos realista. Apenas pinto imagens reais, porque neste momento faz sentido para mim. O uso da imagem real, no contexto do que quero mostrar, torna a imagem mais incisiva. A partir de um determinado limite julgo no entanto que a imagem deve ser desligada do real e permitir que o artista imprima alguma da falível natureza humana dele ao objecto: até uma foto é diferente da realidade que captura, porque tem um ser humano por detrás da objectiva." CONTACTOS email: paulo.branco.guerreiro@gmail.com página internet: http://brancoguerreiro.wordpress.com